Agricultura

Região de Passo Fundo finaliza plantio da soja e contabiliza prejuízos da estiagem na agropecuária

A região Norte do Rio Grande do Sul é uma das mais afetadas pela estiagem no estado. A regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo já acumula perdas aproximadas de 15% na soja. No milho grão e silagem, o prejuízo ainda é maior, com perdas acima de 50%. A diminuição na coleta do leite é estimada em 20% nos meses de estiagem. Além disso, as pastagens também são fortemente afetadas, com prejuízos de 70%.

Após muito atraso, causado pela falta de chuvas e retardamento da colheita das culturas de inverno, o plantio da soja foi tecnicamente concluído na regional. No entanto, as condições das lavouras são muito diferentes conforme as localidades, afinal as chuvas foram esparsas . “Há uma perspectiva ainda de que a cultura da soja, tendo normalidade das chuvas, ainda se recupere. Não na totalidade, porque os prejuízos, como a falta de água de uma germinação uniforme ou a mortalidade de plantas, […] isso acaba afetando de certa forma a produção que estava prevista”, destaca o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Dartanhã Luiz Vecchi. Também há expectativa de que o preço da soja possa compensar as perdas na produtividade.

A esperança da normalidade das chuvas continua, apesar de até a metade de janeiro elas terem ficado abaixo do esperado. Em alguns locais na região choveu apenas 4mm até 12 de janeiro, enquanto em outros as chuvas chegaram até a 70mm.

Leite

No caso do leite, os prejuízos no milho silagem e nas pastagens afetam a produção. “Nós temos essa quantidade de leite que acaba deixando de ser coletada, que deixou de ser paga ao produtor porque ele não produziu e ele não entregou ao laticínio, então tudo isso é um prejuízo bastante grande”, lembra o gerente.

Orientação

Nos casos de perda total do milho, a orientação técnica é para que uma nova cultura seja implementada. Dartanhã menciona o milho safrinha e o feijão, que ainda possuem condições pelo zoneamento agroclimático. “Para possibilitar a agregação de renda à economia do produtor e da propriedade”, explica.

No caso dos produtores que também possuem animais, principalmente bovinocultura de leite, ainda é recomendado “que se faça a implantação de lavouras de pastagens para aproveitar esse período curto até o final de março”.
Ainda assim, há necessidade de análise técnica para avaliar a viabilidade dessas culturas. “É importante que seja feita implantação da nova cultura e aproveitamento dessa área que está ociosa dentro de uma realidade onde se tenha umidade no solo e frequência melhor de chuvas para que essas culturas consigam sobreviver e produzir”, ressalta Dartanhã.

Desânimo e esperança

Em todo o estado, mais de oito mil localidades e mais de 207 mil propriedades são afetadas pela estiagem, segundo a Emater. “Dá um certo desânimo nesse momento difícil em que você vai olhar uma lavoura e as folhas estão pálidas, não te dá ânimo de fazer um tratamento […]. De uma forma geral, dá uma certa tristeza ver essas lavouras nessas condições, não somente da soja, mas do milho, vendo os animais também, a falta de água. Todo esse problema que vem se agravando em função da seca, ele acaba dando esse desânimo e essa tristeza nos produtores, mas vamos ser esperançosos, vamos pensar positivo que a chuva vai vir, e que nós tenhamos ainda uma produção que tenha resultados financeiros e econômicos para os produtores”, diz o gerente regional.

Situação de emergência

A regional concentra 42 municípios, sendo que 12 deles já estão em situação de emergência. Aqueles que ainda emitiram decretos estão estudando essa opção. Um deles é Passo Fundo, que afirma que ainda não há necessidade dessa medida, mas que o decreto poderá ser emitido caso as perdas ultrapassem a capacidade de resposta do Município.
O decreto permite que medidas emergenciais sejam tomadas e que os municípios recebam benefícios financeiros e auxílios aos produtores.