Novos dados sobre os impactos da estiagem na produtividade do Rio Grande do Sul foram divulgados nesta semana. A perspectiva de perdas para a soja chega a 24%, mesmo com a semeadura ainda não concluída. A implantação da cultura no estado avança lentamente, devido ao déficit hídrico, e está em 93%. No milho sequeiro, os prejuízos aumentaram 3,8%, chegando a 59,2%. O milho irrigado também é afetado, com uma perda projetada em 13,5%. Os dados são da Rede Técnica Cooperativa (RTC) e foram divulgados pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).
Na última estimativa, divulgada em 21 de dezembro, apenas os prejuízos ao milho foram calculados, já chegando a 55,4% no sequeiro e 12% nas áreas irrigadas. Em diversas regiões, as perdas alcançavam 100%.
Prejuízos irreversíveis
A chuva desta semana amenizou a situação das lavouras, mas os prejuízos são irreversíveis para os produtores. “Este era o momento em que o produtor deveria se capitalizar, inclusive com preços que estão ajudando, mas os custos de produção já serão muito altos e iniciamos de forma melancólica o 2022. Já existe uma mobilização das entidades para que tenhamos ações dos governos federal e estadual no sentido de socorrer este produtor que vinha garantindo essa economia e agora o terá que criar mecanismos para vencer este momento de dificuldade”, afirma o presidente da federação, Paulo Pires.
As altas temperaturas e a falta de chuva são as principais responsáveis pelas perdas irreversíveis. O dirigente ressalta que é importante que os municípios façam os decretos de emergência neste momento. “Em 2020 produtores de 200 municípios não conseguiram acessar o socorro do governo federal porque não tinham o decreto de emergência. É importante que os prefeitos agora se dediquem a isto”, destaca.
Entre as medidas solicitadas, conforme o presidente da FecoAgro/RS, estão a transferência de dívidas financeiras dos produtores, principalmente as que vencem no primeiro semestre, além de uma política clara de armazenagem de água. “Nós temos um volume de chuva no Rio Grande do Sul durante o ano muito alto. Se conseguirmos as licenças, que hoje não permitem que a gente faça esta armazenagem em APPs, teremos uma grande área irrigada. Hoje está sendo trancada por questões de cunho jurídico e tecnicamente sabemos que não traz problemas para o meio ambiente. Onde temos água armazenada temos uma floração fantástica tanto da vida animal quanto vegetal”, argumenta Pires.
Com informações da FecoAgro/RS