A estiagem no Rio Grande do Sul traz preocupação e dúvidas para os produtores de soja sobre o manejo sob estresse hídrico. Entre elas está o momento da semeadura, como deve ser realizado o manejo e se o replantio é necessário. O projeto Desafios da Soja, realizado pela Revista e Portal Destaque Rural, conversou com o consultor em Nutrição e Fisiologia Vegetal da Physioatac Consultoria, Gabriel Schaich, em Cruz Alta-RS, para responder essas perguntas.
Aplicação de defensivos, herbicidas e fungicidas
Algumas áreas de materiais de ciclo precoce estão sendo implantadas no final da janela ou até fora, em função da seca no período preferencial. Esse atraso impacta na semeadura e causa atraso na aplicação de herbicidas, gerando um problema de logística e criando gargalos operacionais.
Além disso, o crescimento das plantas acaba sendo prejudicado e existe o risco de abortamento. “O risco é a redução do potencial produtivo, quanto mais tarde a gente for avançando”, explica Gustavo. Na região de Cruz Alta, algumas áreas não haviam sido sequer semeadas até o Natal.
Ainda existe o risco de fitotoxidez com plantas desidratadas. Para evitar essa situação, o especialista aconselha cuidados na escolha do horário da aplicação. A recomendação é realizar aplicações noturnas, com a umidade relativa do ar acima de 50% e temperaturas abaixo de 30ºC. Também pode ser aumentado o volume de água. “São algumas estratégias que poderiam ser pensadas para minimizar perdas ou evitar algum problema de fitotoxidez, que é a queima propriamente dita da folha”, destaca Gustavo.
Semeadura
Em um momento de estiagem, as sementes de melhor vigor colaboram, já que o estabelecimento é mais difícil. Também é aconselhado cuidado para não utilizar sementes de baixa qualidade. Outras recomendações são trabalhar com uma população maior do que o normal e cuidar para ter uma boa distribuição de plantas.
Replantio
A decisão de realizar o replantio é difícil e deve considerar também aspectos econômicos. O especialista, no entanto, recomenda observar a distribuição das plantas. “Falhas muito grandes na lavoura acabam sendo um grande foco de plantas daninhas. Ou, se a gente tem plantas muito adensadas, olhando na outra ponta, pode ser foco de doenças”, descreve Gustavo.
Desta forma, em áreas muito falhadas o replante geralmente é aconselhado, segundo o especialista. “A produtividade de uma população mais baixa e desuniforme tende a ser muito pior”, lembra o consultor. Apesar de difícil, a decisão deve ser tomada o quanto antes.
Otimismo
Apesar das preocupações geradas pelo momento complicado, o especialista afirma que tenta ser otimista. “Se a lavoura está sofrendo hoje, tem formas de na próxima safra não sofrer tanto”, avalia. A expectativa de chuvas em janeiro também aumenta o otimismo.
Confira mais dicas sobre manejo sob estresse hídrico no vídeo:
Correção: O nome correto do consultor é Gabriel Schaich, da Physioatac Consultoria.