Mercado

Avanço do plantio da soja na América do Sul reflete em queda na bolsa de Chicago

O mercado continuará monitorando a China, aguardando posicionamento mais firme de compras nesta semana. Caso se mantenha, deverá provocar alta a curto prazo nas cotações de Chicago.

A semana que passou foi marcada por queda em Chicago diante da melhora do clima e da evolução do plantio da soja na América do Sul. O contrato com vencimento em janeiro/2023, fechou a sexta-feira (18) valendo U$14,27 o bushel (-1,65%) e o com vencimento em março/2023 fechou no campo negativo, valendo U$14,32 o bushel (-1,65%), de acordo com o relatório semanal da Grão Direto.

A safra 2022/23 na América do Sul teve uma semana bem positiva. No Brasil, o plantio atingiu 66% a nível nacional, de acordo com o boletim publicado no dia 16/11 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar da diminuição das precipitações em algumas regiões do Mato Grosso, não houve prejuízos ao desenvolvimento inicial da cultura, assim, o plantio de soja na região chegou perto da conclusão, com 97,4% das áreas projetadas.

Em Minas Gerais, o retorno das chuvas permitiu o avanço no plantio, que alcançou 52% da área. Segundo o analista de mercado da Grão Direto, em contrapartida, no estado de Goiás, o tempo seco diminuiu o ritmo de plantio em alguns municípios, atingindo 61% da área projetada.

Argentina

No país vizinho, a Argentina, finalmente as condições climáticas melhoraram, o que permitiu a continuidade do plantio. A ausência de chuva desde meados de maio trouxe alívio aos produtores, mesmo não mudando o cenário de seca a médio prazo.

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) informou, no dia 17/11, que foi semeada apenas 24% da área de soja, contra 80% na mesma época de 2021. Apesar das perdas serem inevitáveis devido ao atraso do plantio, o país ainda pode trazer uma safra bastante significativa.

EUA

A colheita norte-americana segue em ritmo acelerado e à frente dos números do ano passado. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a colheita de soja atingiu 96% da área plantada. Com isso, está 5% à frente do mesmo período do ano passado. Isso trouxe um certo alívio ao mercado.

Ainda de acordo com USDA, de 4 a 10 de novembro, as vendas de soja 2022/23 norte-americana ficaram em, aproximadamente, 3,03 milhões de toneladas, totalizando 35 milhões até o momento. A expectativa é que o programa de exportação feche o ano acima de 55 milhões de toneladas.

No mais, a moeda americana teve uma semana de continuidade na valorização, fechando, na sexta-feira, a R$5,37 (+0,77%). As incertezas econômicas internas ainda continuam diante da apresentação da “PEC da Transição” ao Congresso. Nesse cenário, o país tende a se endividar de forma insustentável, fortalecendo o processo inflacionário no Brasil caso não corte gastos em outros setores. Mesmo com a alta do dólar, as cotações brasileiras tiveram desvalorizações, refletindo a queda mais acentuada de Chicago.

Expectativas

Esta semana será mais curta em Chicago por conta do feriado de Ações de Graças, na quinta-feira (24). A permanência de chuvas em praticamente todo território Nacional deverá favorecer a evolução do plantio no Brasil nos próximos 7 dias. Nesse sentido, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) projeta chuvas volumosas para Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia e Espírito Santo.

Por outro lado, as precipitações da última semana na Argentina não terão a mesma intensidade nesta semana, com exceção do norte do país, mantendo a preocupação com a continuidade do plantio. Esse cenário contribui para a queda de Chicago, considerando que o atraso do plantio na Argentina já é sabido pelo mercado.

Além disso, o mercado continuará monitorando a China, aguardando posicionamento mais firme de compras nesta semana. Caso se mantenha, deverá provocar alta a curto prazo nas cotações de Chicago.

Em relação ao dólar, a moeda continuará sendo fortemente influenciada por incertezas econômicas internas, podendo ter mais uma semana de muita volatilidade. Caso o cenário de incertezas continue, poderá haver mais uma semana de valorização da moeda americana frente ao real. Ainda sob o risco de uma recessão mundial, nesta semana, haverá reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) nos EUA, sendo um sinalizador para o próximo aumento da taxa de juros americana.

De acordo com o analista de mercado da Grão Direto Ruan Sene a continuidade da valorização do dólar nesta semana será um contrapeso nas cotações brasileiras, diante da possibilidade de continuidade da queda em Chicago, podendo ter uma semana de leves valorizações.

Fonte: Grão Direto